domingo, 29 de dezembro de 2013

MMA: que esporte é esse que dilacera o corpo?

Que esporte é esse que dilacera o corpo? O MMA, para mim, é um reflexo do que as pessoas estão desenvolvendo nos seus lares, transmitindo para os seus filhos a cultura da violência. É agora o MMA um esporte nacional? Vamos nos reunir na sala de estar e observar a violência gratuita televisionada?

Os socos e pancadas dessa arte marcial mista não são técnicas do esporte, é uma regressão humana; diferentemente das habilidades apreendidas no Caratê, no Jiu-Jitsu e na arte marcial exemplo de respeito ao Outro, o Kung-Fu. 

Se essa famigerada arte do confronto físico destrutivo, o MMA, é a união de todas as outras, a técnica está mais encalcada na premissa da dor, não capacitada no equilíbrio da mente humana, mas da vitória. O esporte não é vitória, é lição de vida.

O MMA pode ter as leis que regem o octógono, mas  a sua filosofia não me agrada. 

Desculpem-me os brutamontes. 

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Os pulsos sem horas

A cidade do Natal parece estar finalmente entrando no top das metrópoles brasileiras de terceira linha. São novos comércios todos os dias, a construção civil novamente sofre o “bum” que os economistas previram alguns anos antes, e o ar mais limpo do país, finalmente não é tão puro assim. Sim, Natal cresce como todas as futuras cidades turísticas e politizadas do Brasil também cresceram. No entanto, as pessoas que moram na cidade não dão mais as horas.

Isso não se deve pela falta de educação que o povo tem, aliás, os natalenses são conhecidos pela receptividade, com os seus turistas. As pessoas não dão mais as horas pelo simples fato de não ter relógios em seus pulsos, em sinal da violenta onda de assaltos ocorridos nos últimos meses, quiçá nos últimos anos. Exato, Natal não é mais uma cidade segura, como contada nas crônicas de Cascudo. Os vizinhos não mais conversam nas calçadas, os casais não mais namoram nas praias; os jovens agora tem medo das festas, quando as brigas são apenas resolvidas com armas de fogo.
Não dar as horas significa o pânico que a sociedade está passando. Todos os dias notícias de jovens assassinados por motivos torpes, mulheres são espancadas, idosos são desrespeitados. Certo, a violência está em todo o lugar ocupado por homens, em toda cidade que se desenvolve, mas nem por isso é aceitável as estatísticas banais consequente desse chamado desenvolvimento. Se existe emprego para os cidadãos, nada mais natural e justo do que também haver segurança para os filhos deles. Se as políticas públicas beneficiam os mais necessitados, homens e mulheres pobres e negros, também nada mais justo que implantar um sistema de saúde que funcione.
Não é um milagre, não é uma utopia. É apenas planejamento. Aliás, se existe violência, e não só aquela em que pessoas morrem por nada, mas por falta de respeito ao próximo. É clássico, ou clichê: se fazes o bem, vais colher o mesmo bem com duas vezes mais de ingredientes. Pode parecer hipocrisia, ou utopia novamente, dependendo do leitor, mas saber que suas ações poderão levar outro indivíduo a agir da mesma forma vale a pena refletir. Com um único gesto de respeito, todo o clima muda, e provavelmente o sujeito que “entregou a carteira que o outro deixou cair”, se sentirá bem melhor. O pipoqueiro viu tudo isso, e repassou esse exemplo para os seus filhos.
Mas e a violência social, o que se pode fazer dela? Existe solução? Os brasileiros moram em um país democrático, que possui uma maravilhosa Constituição e que autoriza a eleição direta. Os caras que indicam suas secretarias que porventura estruturam a grade administrativa de nosso ensino, são os responsáveis por mantê-la funcionando. Se as crianças estão nas escolas, serão professores, médicos e ambientalistas capacitados no futuro. Depois disso tudo, ainda haverá violência social? Sim, haverá. A sociedade é formada por indivíduos que possuem emoções complexas, cada um diferente do outro, influenciados por âmbitos também diferentes. Por isso é tão difícil evitar acidentes sociais, sobretudo contra grupos destacados como sujeitos as maiores problemáticas: negros, pobres e mulheres.
Embora possa existir sempre esse vírus social que atinge todas as classes e todos os agentes da sociedade, nada mais natural que seguir adiante com a vida. Seguir adiante não significa deixar tudo como está, esquecendo o dever de fazer sua parte, mesmo que em pequenos detalhes do cotidiano. Nas eleições, nos congressos, nas assembleias, nas práticas sociais beneficentes, ajudar é somente prestar um serviço a comunidade. Não é salvar a pátria. É fazer uma pequena diferença onde se mora. Quem sabe, com isso, mudando um pouco a situação aparente atual, as horas voltarão a ser dadas, e o medo não conviverá mais com todos.


*texto publicado originalmente no Blog do Ivenio Hermes

quarta-feira, 8 de maio de 2013

A batalha dos saberes

Hoje, quem sabe mais, vence! Antes, era o corpo e a força física que distinguia um bom trabalhador de um empregado que não rendia o suficiente. Por essa mudança, provavelmente influenciada ou até movida pela revolução informacional, as pessoas que não conhecem um pouco de tudo, no mundo do trabalho, estão fora dele, e serão os peões das organizações.

E não falo em ter um diploma de graduação ou uma pós qualquer. Não! Ter sabedoria, é ter curiosidade por tudo. Conhecer diversos conhecimentos, desde artes à política, de economia à conhecimentos referentes a natureza e o uso da sustentabilidade na era contemporânea das grandes organizações.

Se engana quem pensa que possuir um diploma significa um status de integridade intelectual. Você conhece um muito de um pouco, mas não consegue conversar sobre vários temas, mesmo que superficiais, em uma conversa com os amigos de trabalho, ou com o seu superior na empresa.

E esse conhecimento vai desde a inteligência emocional à inteligência técnica, referente a sua atividade. Saber se comportar emocionalmente em diversos ambientes, e promover a integração das pessoas, é um dos conhecimentos mais valorizados hoje pelas empresas. É a postura de um líder que consegue manter todos unidos por um objetivo, e traçar metas onde todos possam cumpri-las de forma prática e dinâmica.

A batalha dos saberes é um campo de minas explosivas, quando muitos soldados ficam para trás. Alcançar o seu território, nesta parte, é uma tarefa individual, e motivada somente pela sua força de vontade. A mesma força de vontade que te impulsiona a ver além do óbvio, o que também é uma tarefa difícil, complicada e desgastante na grande maioria das vezes.

sábado, 27 de abril de 2013

A fé de todos

Se Deus existe, ele deve amar a todos. Essa é uma das certezas que a mais nova instituição religiosa aqui no Brasil prega: a Igreja Cristã Contemporânea surgiu de um afeto com os fiéis rejeitados pelas igrejas tradicionais.

Fundada em 2006 pelo pastor Marcos Gladstone, a Igreja Cristã Contemporânea esta sendo conhecida como "igreja gay", claro, por ter seu maior número de fiéis fazendo parte da comunidade GLBT. Além de realizar cerimônias homoafetivas, a igreja defende que a Bíblia não condena a homossexualidade.

Com 8 sedes no país e com mais de 1.800 seguidores, a igreja e o seu fundador (gabaritado teólogo e palestrante) chamam a atenção para o que seria um país laico, mesmo que no sentido fácil da palavra.

Veja a reportagem e o vídeo sobre a igreja no Site da UOL


Foto: Google 
É secular as acusações das igrejas tradicionais sobre os homossexuais, repudiando-os e condenando-os "ao fogo eterno". Diante dessa exclusão, a criação de um novo templo que receba qualquer tipo de fiel sem distinção de raça, credo ou condição sexual, gera ainda mais problemas entre os pastores críticos da famosa e retrógrada Assembléia, a familiar e  rica Universal e a mãe de todas, a Católica. Por seus representantes, "munidos pelas palavras sagradas e regidos pela força espiritual fortificada", condenam àqueles que não seguem os mandamentos de Deus.

Mas uma questão é singular: a fé é de todos? Se a Bíblia condena o pecado, como aqueles que "estão" nele, pelas palavras do Livro, podem exigir benção através da fé?

Uma nação composta por diversos credos, ainda preconiza os diversos rituais sagrados das comunidades em todas as regiões do país. A fundação da Igreja Cristã Contemporânea reacende as discussões sobre o tema e defende uma minoria que persiste na busca por uma das práticas mais antigas da existência humana: crer em algo.

A fé requer bem mais que palavras de um livro, ou a aceitação de uma instituição que renega seus membros mais necessitados. O Todo Poderoso (ou qualquer outro tipo de imagem espiritual, excetuando-se o ateísmo) nos dá mente e corpo, e a fé, independentemente de benção ou não dos homens, é interior e pessoal.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

O trote de cada ano

É quase obrigação após as provas dos vestibulares, e com a confirmação e aprovação nos processos seletivos, os novos universitários participarem dos "trotes" de ingresso ao mundo acadêmico. Esses rituais de integração são realizados pelos veteranos. Quase sempre é uma brincadeira sem nenhum tipo de violência física ou verbal, afinal, esse não é (seria) o objetivo de toda essa saudável recepção.

Entretanto, há anos constatamos que o "trote" chegou a um nível de hierarquia entre os alunos veteranos e os novatos. Esses últimos, estão sujeitos a ingerir quantidades enormes de bebidas alcoólicas, pedir moedas nos sinais, sujar-se e serem humilhados com concursos da garota "mais vagabunda".

Os exemplos abaixo são referências das consequências causadas em alguns "trotes" nas universidades brasileiras, que incentivam a raiva e a humilhação com os jovens ingressantes. Alguns casos, como o de Edson Tsung Chi Hsueh, tiveram um fim trágico.


Chi Hsueh foi encontrado morto em uma piscina logo após um churrasco de recepção. Ele era calouro do curso de medicina na USP. O caso aconteceu em 1999, e quatro pessoas na época foram indiciados pela sua morte, no entanto o caso foi arquivado em 2006.


Bruno César Ferreira, na época com 21 anos, foi obrigado a ingerir grande quantidade de bebida, ficando em coma alcoólico, sendo depois espancado por diversos estudantes. A agressão ocorreu em 2009.


No interior de São Paulo, em 2010, um estudante calouro foi obrigado a beber etanol; no mesmo trote, os estudantes passaram por violência físicas e psicológicas por mais 8 horas.

fotos: Google e site UOL

Na Faculdade de Direito da UFMG, em março deste ano (2013), o "trote" acarretou em acusações de racismo e sexismo.

Muitos exemplos ilustram o "trote" violento em que alguns estudantes são obrigados a participar de eventos como: envolvendo a cabeça de um porco, suas vísceras e ovos podres (neste ano, 2013, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul); quando três veteranos atearam fogo em um estudante (em 1998, com o estudante Rodrigo Favoretto Peccini); ou quando estudantes "gordinhas" são agarradas e usadas como "rodeio das gordas" (em outubro de 2009). Na UFVJM os calouros foram amarrados,  enquanto os veteranos jogavam baldes de fezes de animais neles.

O ingresso na universidade é um momento de muita alegria para o estudante e toda a família, em que o "trote" saudável serve ainda para motivar mais o estudante no cumprimento de suas obrigações estudantis. É o momento de conhecer os veteranos e criar laços de amizade. Deve existir sim a integração, mas de forma consciente e sem coação dos ingressantes.

Muitos bons exemplos são encontrados pelas universidades brasileiras em relação ao "trote", como doar sangue, arrecadar cestas básicas ou visitar uma instituição que trata de crianças com câncer. É só uma questão de bom senso.

Os maus exemplos estão sendo banidos nos campus universitários e investigados pela política militar e pelas reitorias das universidades. Nos casos encontrados, os agressores poderão ser expulsos de seus cursos e responderão por agressão física e outros termos, dependendo do nível da agressão e violência.