sábado, 27 de abril de 2013

A fé de todos

Se Deus existe, ele deve amar a todos. Essa é uma das certezas que a mais nova instituição religiosa aqui no Brasil prega: a Igreja Cristã Contemporânea surgiu de um afeto com os fiéis rejeitados pelas igrejas tradicionais.

Fundada em 2006 pelo pastor Marcos Gladstone, a Igreja Cristã Contemporânea esta sendo conhecida como "igreja gay", claro, por ter seu maior número de fiéis fazendo parte da comunidade GLBT. Além de realizar cerimônias homoafetivas, a igreja defende que a Bíblia não condena a homossexualidade.

Com 8 sedes no país e com mais de 1.800 seguidores, a igreja e o seu fundador (gabaritado teólogo e palestrante) chamam a atenção para o que seria um país laico, mesmo que no sentido fácil da palavra.

Veja a reportagem e o vídeo sobre a igreja no Site da UOL


Foto: Google 
É secular as acusações das igrejas tradicionais sobre os homossexuais, repudiando-os e condenando-os "ao fogo eterno". Diante dessa exclusão, a criação de um novo templo que receba qualquer tipo de fiel sem distinção de raça, credo ou condição sexual, gera ainda mais problemas entre os pastores críticos da famosa e retrógrada Assembléia, a familiar e  rica Universal e a mãe de todas, a Católica. Por seus representantes, "munidos pelas palavras sagradas e regidos pela força espiritual fortificada", condenam àqueles que não seguem os mandamentos de Deus.

Mas uma questão é singular: a fé é de todos? Se a Bíblia condena o pecado, como aqueles que "estão" nele, pelas palavras do Livro, podem exigir benção através da fé?

Uma nação composta por diversos credos, ainda preconiza os diversos rituais sagrados das comunidades em todas as regiões do país. A fundação da Igreja Cristã Contemporânea reacende as discussões sobre o tema e defende uma minoria que persiste na busca por uma das práticas mais antigas da existência humana: crer em algo.

A fé requer bem mais que palavras de um livro, ou a aceitação de uma instituição que renega seus membros mais necessitados. O Todo Poderoso (ou qualquer outro tipo de imagem espiritual, excetuando-se o ateísmo) nos dá mente e corpo, e a fé, independentemente de benção ou não dos homens, é interior e pessoal.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

O trote de cada ano

É quase obrigação após as provas dos vestibulares, e com a confirmação e aprovação nos processos seletivos, os novos universitários participarem dos "trotes" de ingresso ao mundo acadêmico. Esses rituais de integração são realizados pelos veteranos. Quase sempre é uma brincadeira sem nenhum tipo de violência física ou verbal, afinal, esse não é (seria) o objetivo de toda essa saudável recepção.

Entretanto, há anos constatamos que o "trote" chegou a um nível de hierarquia entre os alunos veteranos e os novatos. Esses últimos, estão sujeitos a ingerir quantidades enormes de bebidas alcoólicas, pedir moedas nos sinais, sujar-se e serem humilhados com concursos da garota "mais vagabunda".

Os exemplos abaixo são referências das consequências causadas em alguns "trotes" nas universidades brasileiras, que incentivam a raiva e a humilhação com os jovens ingressantes. Alguns casos, como o de Edson Tsung Chi Hsueh, tiveram um fim trágico.


Chi Hsueh foi encontrado morto em uma piscina logo após um churrasco de recepção. Ele era calouro do curso de medicina na USP. O caso aconteceu em 1999, e quatro pessoas na época foram indiciados pela sua morte, no entanto o caso foi arquivado em 2006.


Bruno César Ferreira, na época com 21 anos, foi obrigado a ingerir grande quantidade de bebida, ficando em coma alcoólico, sendo depois espancado por diversos estudantes. A agressão ocorreu em 2009.


No interior de São Paulo, em 2010, um estudante calouro foi obrigado a beber etanol; no mesmo trote, os estudantes passaram por violência físicas e psicológicas por mais 8 horas.

fotos: Google e site UOL

Na Faculdade de Direito da UFMG, em março deste ano (2013), o "trote" acarretou em acusações de racismo e sexismo.

Muitos exemplos ilustram o "trote" violento em que alguns estudantes são obrigados a participar de eventos como: envolvendo a cabeça de um porco, suas vísceras e ovos podres (neste ano, 2013, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul); quando três veteranos atearam fogo em um estudante (em 1998, com o estudante Rodrigo Favoretto Peccini); ou quando estudantes "gordinhas" são agarradas e usadas como "rodeio das gordas" (em outubro de 2009). Na UFVJM os calouros foram amarrados,  enquanto os veteranos jogavam baldes de fezes de animais neles.

O ingresso na universidade é um momento de muita alegria para o estudante e toda a família, em que o "trote" saudável serve ainda para motivar mais o estudante no cumprimento de suas obrigações estudantis. É o momento de conhecer os veteranos e criar laços de amizade. Deve existir sim a integração, mas de forma consciente e sem coação dos ingressantes.

Muitos bons exemplos são encontrados pelas universidades brasileiras em relação ao "trote", como doar sangue, arrecadar cestas básicas ou visitar uma instituição que trata de crianças com câncer. É só uma questão de bom senso.

Os maus exemplos estão sendo banidos nos campus universitários e investigados pela política militar e pelas reitorias das universidades. Nos casos encontrados, os agressores poderão ser expulsos de seus cursos e responderão por agressão física e outros termos, dependendo do nível da agressão e violência.

domingo, 21 de abril de 2013

Uma visita ilustre e passageira: Joaquim Barbosa em Alcaçuz

O ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal de Federal, visitou a maior penitenciária do RN, nesta última sexta-feira. Segundo a diretora do presídio, Dinorá Simas, o ministro "apenas observou, sem falar nada" da situação precária do local. Nesses 15 minutos de visita, os presos gritavam, pedindo ajuda, e o ministro apenas verificava as infiltrações, os vasos sanitários quebrados, e os problemas gerais e eternos de Alcaçuz. Os membros da comitiva passearam pelo pavilhão 2 da unidade.

foto: G1
A visita serviu para avaliar as instalações da unidade prisional. Joaquim Barbosa relatou que "a situação é caótica. As unidades prisionais do estado não respeitam padrões mínimos de dignidade humana". Isso já sabemos.

O que também já sabemos é que após a visita meteórica do ministro, a situação continuará a mesma. Assim como as condições de saúde e segurança, que estão no mesmo patamar caótico, tomando as palavras da V.Ex Sr. Ministro.

Não basta apenas visitas, falácias e promessas: nossas penitenciárias estão esgotadas, e não seguram mais nossos detentos. Escapar de uma penitenciária, no nosso estado, é mais fácil que achar o culpado do próprio crime cometido.

sábado, 20 de abril de 2013

Massacre do Carandiru: o direito à justiça negado

Em 2 de outubro de 1992, uma rebelião no Pavilhão 9 da Casa de Detenção de São Paulo obrigou a entrada da polícia militar na área, a fim de controlar a revolta dos detentos. A entrada dos policiais foi liderada pelo coronel Ubiratan, e o acontecimento ficou conhecido como o Massacre do Carandiru. Foram mortos 111 entre os detentos, e dos 68 policiais envolvidos na ação, nenhum deles saíram feridos.

Vinte anos depois do massacre, 23 dos policiais que adentraram na Casa de Detenção foram condenados pela morte de 13 detentos, penas chegando a 156 anos. Se quer ler mais sobre o julgamento dos PMs, clique aqui.


fotos: Google

O extermínio dos detentos na Casa de Detenção apesar de ser uma triste história de nossa Justiça brasileira, de alguma forma traz à tona a nossa jovem e violenta forma de proteger nossos familiares e garantir a ordem da sociedade. Pôr fim a 111 vidas é o modo certo de garantir bem-estar social? Claro, vão dizer: "eles também tiraram vidas, destruíram famílias. É morte para esse famigerados!!". Não. Não é punir com a mesma arma aqueles que cometeram crimes.

Uma das fotos acima é um retrato do que a Justiça não deve fazer. Não são atos de violência contra os direitos humanos a melhor forma de reverter esse triste processo instalado no direito individual. Para entender a situação dos detentos no Pavilhão 9, leia o texto de Osvald Negrini Neto, e observem os comentários simplórios dos usuários.

Ao fim dos trabalhos, os detentos sobreviventes foram obrigados a carregar os companheiros de celas mortos. A maioria deles, presos de primeira condenação, diferente do que a mídia na época evocava dizendo ser homens da mais alta periculosidade. A população saiu ás ruas agradecendo aos policiais que "limparam a nação dos homens maus".

Limpar homens maus. Talvez a próxima sujeira de nossa Justiça seja a pena de morte. Quem sabe, ela é feita por homens...

domingo, 14 de abril de 2013

O jovem infrator: redução da maioridade penal

O ódio e repúdio que alguns jovens possuem da sociedade e daqueles que a constituem, quando falo em sinal de respeito e cidadania, podem ter várias origens, mas todas elas advindas de um único pressuposto: a própria sociedade. Quando falo de sociedade, me refiro ao ambiente que os jovens se desenvolvem e sofrem influências de seus amigos, dos pais e da educação que não tiveram.

A pena punível no direito penal brasileiro ocorre apenas em indivíduos com 18 anos ou mais. Crimes praticados antes dessa idade (um dado mínimo de 2%) não será condenado e jugado, apenas constituirá uma estatística cada vez mais alarmante: os adolescentes estão mais agressivos e ingressantes no mundo do crime.

Chega a assustar: quadrilhas recrutam meninos de 14, 15, 16 anos para comporem o grupo, e dessa forma, caso sejam pegos, não serão autuados como infratores principais, salvando assim toda a "equipe do crime".


foto: Uma outra opinião

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, a Ordem dos Advogados do Brasil e diversos juristas e estudiosos do assunto condenam a redução da maioridade penal. O problema dos jovens criminosos deve ser estudado para identificar e solucionar as deficiências de certas áreas do país a respeito de educação, fome e saúde. Sem qualidade de vida, a doença social (leia-se violência, fome e miséria) pode permanecer mesmo com programas do governo que apenas disfarçam os problemas sociais.

A aprovação da redução da maior idade penal tapará os problemas sociais da comunidade, jogará jovens em penitenciárias estruturalmente não alocáveis e gerará um intenso e contínuo fluxo de produzir adolescentes inundados de ódio pelos seus semelhantes (muitas das penitenciárias brasileiras são uma espécie de escola do crime, onde os alunos aprendem a odiar e rejeitar os bons costumes civis).

terça-feira, 9 de abril de 2013

Jogar lixo na rua, agora pode custa caro

Sabem aquelas pessoas nos carros, ônibus e nas ruas que terminam de beber uma água ou tomar um refrigerante e jogam o objeto numa vala qualquer? Então, agora esse ato vai mexer no bolso deles. A cidade do Rio de Janeiro vai aplicar em julho próximo uma lei que estava em vigor desde 2001: jogar lixo na rua, agora poderá custar caro, podendo sofrer uma multa de até R$3.000.

Segundo o município, a decisão poderá conscientizar a população sobre o ato de manter as ruas limpas, e colaborar com o sistema de limpeza urbana. Por exemplo: um "cidadão" que jogar o equivalente a uma lata de refrigerante nas ruas, pagará algo em torno de R$157. Quanto maior a quantidade dos resíduos, maior o valor a ser pago. No caso do infrator não pagar a multa, ele terá seu titulo de eleitor bloqueado e seu nome será encaminhado para o SERASA.




Tudo bem, é uma ideia a se pensar, mas mexer no bolso pode resolver? As estatísticas de acidentes de trânsito diminuíram, mas não é uma mudança tão impressionante assim.

Existem diversas leis, decretos e códigos que regulamentam a preservação ambiental de nosso meio-ambiente, no entanto são desrespeitados como uma folha em branco qualquer. Conscientização ambiental não é feita a partir de multas,  é um processo contínuo e coletivo, aplicado e desenvolvido nos menores (crianças nas escolas) e nos maiores (televisão poderia servir ao menos para isso).

sábado, 6 de abril de 2013

Exame da OAB: índices e formas de avaliação

A primeira fase do 10° Exame da OAB será aplicado neste mês dia 28. O exame é o ponto-chave para medir a qualidade dos cursos de direito no Brasil, e o nível de conhecimento dos graduados. A responsabilidade da elaboração do Exame de Ordem Unificado nas edições anteriores da prova estava a cargo do MEC, contudo o novo coordenador nacional do exame, Leonardo Avelino Duarte, diz que "o envolvimento entre as duas instituições é imprescindível, uma vez que o MEC autoriza e reconhece o funcionamento das faculdades de direito, porém quem pode legalmente dizer se alguém é capaz de advogar ou não, é a OAB".



O graduado em direito só poderá advogar se obter o certificado da OAB, passando nas duas fases do exame. Nas edições anteriores, o índice de reprovação foi altíssimo (89,7%, 2012), o que pode caracterizar tanto o despreparo dos candidatos como o alto nível da prova, sendo este o último o mais questionado pelos estudantes. Em relação ao nível do exame, os especialistas afirmam que continua o mesmo, nem alto e nem baixo.

Duarte pretende dialogar com as universidades e os acadêmicos, e aperfeiçoar o exame repensando o conteúdo programático e a forma de avaliação. 

Nesta primeira fase, o candidato deve acertar mais de 50% da prova para seguir na segunda etapa. Lembrando que o graduado só poderá ocupar cargos públicos, como procurador do estado e advogado da união, se possuir a carteira da OAB.

Leia mais no UOL - EDUCAÇÃO

terça-feira, 2 de abril de 2013

As palavras são apenas um começo

Corrupção, violência, educação básica deficiente, e vários outros temas que assolam a indignação de nossa sociedade. Nesse momento, não basta apenas falar, é necessário ir à luta e defender nossos direitos e exigir os deveres daqueles que ocupam os cargos públicos. E quem vai à luta? Pensando bem, falar já é um começo.

Tudo começa pela indignação. Você assiste uma reportagem na tv, que mostra três jovens, aparentemente apenas conversando, e do nada surgem dois homens em uma moto: os garotos que estão sentados na calçada são executados com vários tiros. Antes de fugirem do local do crime, os assassinos se certificam do trabalho, e disparam mais alguns tiros naqueles que provavelmente já estavam sem vida. Um terceiro jovem consegue fugir. Dos dois jovens executados, segundo os pais, era inocente e não tinha envolvimento no crime do tráfico de drogas. Estava no local errado, na hora errada, com as pessoas erradas. Informações dizem que os criminosos eram policiais, o que não é tão impressionante. 

Impressiona é o fato de uma viatura da polícia está a poucos metros da cena do crime, observando tudo, e agindo somente quando os executores fogem em sua moto. Um ato de negligência? Desatenção? Corrupção? O Departamento ainda averiguará o caso. Essa reportagem foi transmitida no Fantástico, na emissora Globo, no último domingo. Esse tipo de caso acontece todos os dias. No entanto, ainda impressiona pela crueldade. 


Foto: Google

Então, por que escrever sobre o assunto, afinal, nada posso fazer para resolvê-lo? Não é preciso ser jornalista para escrever. Quando se escreve há algo maior que o próprio tema a ser comentado, é o espaço de gerar discussão sobre o tema, levantar suposições e divulgar o que muitos se negam a conhecer. Por isso, discorrer em palavras o que se quer falar, não é uma revolta (ou pode ser), babaquice ou o "querer aparecer" e a falta do que fazer; pensar assim é um pensamento redutível e ignorante. Quem não fala, se cala para a sociedade. E aceita de bom grado o roubo, os shows e os "frees" dos nossos representantes...