segunda-feira, 22 de abril de 2013

O trote de cada ano

É quase obrigação após as provas dos vestibulares, e com a confirmação e aprovação nos processos seletivos, os novos universitários participarem dos "trotes" de ingresso ao mundo acadêmico. Esses rituais de integração são realizados pelos veteranos. Quase sempre é uma brincadeira sem nenhum tipo de violência física ou verbal, afinal, esse não é (seria) o objetivo de toda essa saudável recepção.

Entretanto, há anos constatamos que o "trote" chegou a um nível de hierarquia entre os alunos veteranos e os novatos. Esses últimos, estão sujeitos a ingerir quantidades enormes de bebidas alcoólicas, pedir moedas nos sinais, sujar-se e serem humilhados com concursos da garota "mais vagabunda".

Os exemplos abaixo são referências das consequências causadas em alguns "trotes" nas universidades brasileiras, que incentivam a raiva e a humilhação com os jovens ingressantes. Alguns casos, como o de Edson Tsung Chi Hsueh, tiveram um fim trágico.


Chi Hsueh foi encontrado morto em uma piscina logo após um churrasco de recepção. Ele era calouro do curso de medicina na USP. O caso aconteceu em 1999, e quatro pessoas na época foram indiciados pela sua morte, no entanto o caso foi arquivado em 2006.


Bruno César Ferreira, na época com 21 anos, foi obrigado a ingerir grande quantidade de bebida, ficando em coma alcoólico, sendo depois espancado por diversos estudantes. A agressão ocorreu em 2009.


No interior de São Paulo, em 2010, um estudante calouro foi obrigado a beber etanol; no mesmo trote, os estudantes passaram por violência físicas e psicológicas por mais 8 horas.

fotos: Google e site UOL

Na Faculdade de Direito da UFMG, em março deste ano (2013), o "trote" acarretou em acusações de racismo e sexismo.

Muitos exemplos ilustram o "trote" violento em que alguns estudantes são obrigados a participar de eventos como: envolvendo a cabeça de um porco, suas vísceras e ovos podres (neste ano, 2013, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul); quando três veteranos atearam fogo em um estudante (em 1998, com o estudante Rodrigo Favoretto Peccini); ou quando estudantes "gordinhas" são agarradas e usadas como "rodeio das gordas" (em outubro de 2009). Na UFVJM os calouros foram amarrados,  enquanto os veteranos jogavam baldes de fezes de animais neles.

O ingresso na universidade é um momento de muita alegria para o estudante e toda a família, em que o "trote" saudável serve ainda para motivar mais o estudante no cumprimento de suas obrigações estudantis. É o momento de conhecer os veteranos e criar laços de amizade. Deve existir sim a integração, mas de forma consciente e sem coação dos ingressantes.

Muitos bons exemplos são encontrados pelas universidades brasileiras em relação ao "trote", como doar sangue, arrecadar cestas básicas ou visitar uma instituição que trata de crianças com câncer. É só uma questão de bom senso.

Os maus exemplos estão sendo banidos nos campus universitários e investigados pela política militar e pelas reitorias das universidades. Nos casos encontrados, os agressores poderão ser expulsos de seus cursos e responderão por agressão física e outros termos, dependendo do nível da agressão e violência.

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